Segundo André Sturm, problemas no ar-condicionado atrasaram a reforma.
Com novo patrocinador, inauguração estava prevista para final de maio.
O Cine Belas Artes, tradicional cinema do Centro de São Paulo, deve ser reinaugurado no início de julho. Previsto inicialmente para o final de maio, a reabertura do espaço, rebatizado de Cine Caixa Belas Artes por conta do autoexplicativo patrocínio da Caixa Econômica Federal, foi prejudicada por problemas na parte elétrica e no ar-condicionado.
André Sturm, diretor-executivo do MIS (Museu da Imagem e Som) e administrador do cinema, revela que a recuperação do imóvel se tornou mais complicada do que o imaginado. Outros fatores inesperados também o obrigaram a esticar o prazo.
“Tivemos que arrancar tudo. Com o calor que fez esse ano, não tinha máquina em estoque. Ficamos um tempo negociando. Com isso, o processo atrasa. O ar-condicionado virou a variável definitiva do prazo. Creio que esteja tudo pronto bem no começo de julho.”
Sturm refuta a definição de "obra". Talvez por essa razão, não seja possível perceber qualquer movimentação em frente ao prédio alugado na Rua da Consolação, quase esquina com a Avenida Paulista, que voltará a abrigar o cinema. Ele optou por não retirar os tapumes que cobrem o vidro do imóvel por uma razão. “Não é uma imagem legal. É que nem ver um parente todo entubado no hospital, mal comparando. Quero devolver para a cidade o cinema que elas tanto sentem saudades", defende.
Homenagem
O administrador ainda afirma que se trata de um projeto de modernização do cinema. Melhorias em conforto, qualidade do som e tratamento acústico. Embora sem data de abertura, um filme já tem sessão garantida: “Medos privados em lugares públicos”, de 2006, dirigido pelo cineasta francês Alain Resnais, morto em março deste ano. A produção ficou em cartaz no Belas Artes durante três anos e meio. “Vamos fazer essa graça”, brinca.
O administrador ainda afirma que se trata de um projeto de modernização do cinema. Melhorias em conforto, qualidade do som e tratamento acústico. Embora sem data de abertura, um filme já tem sessão garantida: “Medos privados em lugares públicos”, de 2006, dirigido pelo cineasta francês Alain Resnais, morto em março deste ano. A produção ficou em cartaz no Belas Artes durante três anos e meio. “Vamos fazer essa graça”, brinca.
Fã de Resnais, Sturm também deseja que o último longa do diretor estreie na reabertura do cinema. "Amar, beber e cantar", de 2014, obteve o Prêmio Alfred Bauer no Festival de Berlim, além de um prêmio da crítica internacional no mesmo festival. “Estamos negociando, se não atrasar demais, se eles (a distribuidora) esperarem. É uma vontade que eu tenho.”
O retorno
Em 2013, a Secretaria Municipal de Cultura intermediou o diálogo entre o proprietário do imóvel, o exibidor e eventuais patrocinadores. A reabertura era uma antiga pauta do Movimento Cine Belas Artes.
Em 2013, a Secretaria Municipal de Cultura intermediou o diálogo entre o proprietário do imóvel, o exibidor e eventuais patrocinadores. A reabertura era uma antiga pauta do Movimento Cine Belas Artes.
A Prefeitura não vai fornecer recursos financeiros ao projeto, mas diz que irá estabelecer contrapartidas para garantir a ampliação do acesso ao cinema e o fortalecimento de política de exibição que amplie a diversidade e a presença do cinema nacional.
O cinema terá entre os atrativos ingresso mais barato e meia-entrada às segundas-feiras, de acordo com os responsáveis pelo projeto do novo espaço. O tradicional cinema de rua está fechado há três anos por falta de financiamento.
Durante anúncio de acordo entre a Prefeitura, em janeiro deste ano, a Caixa Econômica Federal e o Grupo Caixa Seguros, o diretor de comunicação e marketing da Caixa, Clauir Luiz Santos, disse que o preço do ingresso será ao menos 20% mais barato do que outros cinemas da região. “Vinte porcento para nós, que somos um banco social, é muito pouco", disse. "A gente pediu que o ingresso fosse mais em conta. Mas a negociação que foi fechada ainda tem muitos pontos. Tem espaço para a gente baixar mais ainda."
Para efeito comparativo, o Reserva Cultural, que fica no número 900 da Avenida Paulista, tem ingressos cujos valores integrais variam de R$ 20 (preço promocional às quartas-feiras) e R$ 28. Outro famoso cinema da região, o Cine Livraria Cultura, no Conjunto Nacional, tem ingressos que vão de R$ 18 (de segunda a quinta) a R$ 24.
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"Garanto que no máximo, no máximo, o ingresso maior vai ser R$ 20”, disse André Sturm, à época. “O Belas Artes não é um negócio, é um projeto."
Os produtos vendidos na bomboniere, como pipoca e doces, também terão preços mais baixos, cerca de 10% menores do que os praticados nos cinemas da Avenida Paulista.
“Também oferecerá meia-entrada para todos os trabalhadores às segundas-feiras. E terá uma sala para incentivar o cinema brasileiro”, afirmou o secretário municipal da Cultura, Juca Ferreira.
Para ele, o Belas Artes “é uma espécie de patrimônio afetivo da cidade”. O secretário lembrou o apelo popular para que o estabelecimento fosse reaberto. “Foram 100 mil assinaturas pedindo a reabertura quando eu cheguei na Prefeitura.”
O secretário afirma que foi um processo delicado de recompor uma relação. "Sabe que parceria econômica parece casamento. Quando o divorcio é litigioso é mais complicado. Por isso que demorou", disse. “Nós dialogamos, abrimos um processo de conversa com o empresário proprietário do imóvel e com o empresário que explorava o cinema na época em que ele foi fechado.”
Ferreira acredita que a reabertura contribuirá para fortalecer os cinemas de rua. "É uma demanda na cidade por convivência, por lazer. Acho que as pessoas darão um ‘rolezinho' até o Belas Artes", afirmou.
O diretor de comunicação e marketing da Caixa disse que o investimento inicial é de R$ 1,8 milhão no primeiro ano. O aporte total ainda não está definido, mas ele estima que será entre R$ 10 milhões a R$ 11 milhões em cinco anos. O contrato com a Caixa é de 12 meses, e o convênio de cinco anos.
"Eu acho que a gente pode ser, inclusive, criativo e criar processos que se associem ao Belas Artes. A gente está criando um programa Escola Vai ao Cinema com as escolas públicas da cidade, e eu espero chegar até as escolas privadas, e ter sessões matinais para os estudantes, com debates, reflexões", afirmou Juca Ferreira.
Histórico
Inaugurado em 1943 com o nome de Cine Ritz, o espaço se tornou um dos cinemas mais tradicionais de São Paulo, funcionando na movimentada esquina entre as avenidas Paulista e Consolação. As atividades foram encerradas no início de 2011. Desde então, admiradores se mobilizam em prol do tombamento e de uma solução para os custos de aluguel e retorno da projeção de filmes.
Inaugurado em 1943 com o nome de Cine Ritz, o espaço se tornou um dos cinemas mais tradicionais de São Paulo, funcionando na movimentada esquina entre as avenidas Paulista e Consolação. As atividades foram encerradas no início de 2011. Desde então, admiradores se mobilizam em prol do tombamento e de uma solução para os custos de aluguel e retorno da projeção de filmes.
À época, cerca de 90 mil pessoas se pronunciaram a favor da causa. Houve registro de 28 mil adesões aos abaixo-assinados eletrônico e físicos pela reabertura do cinema e adesão de mais de 100 personalidades ao Manifesto em defesa do Cine Belas Artes.
Em outubro de 2012, o Condephaat, órgão do governo do Estado que busca a preservação do patrimônio histórico, tombou o edifício onde funcionou o Belas Artes. O tombamento refere-se à fachada e aos primeiros quatro metros interiores a partir dela. Isso, por si só, não obrigava que o local continuasse abrigando um cinema.