quinta-feira, 18 de agosto de 2011
18 de agosto de 2011 - 06:46
Tombamento do Cine Belas Artes pode ser votado no fim do mês
Marcela Fonseca
Exatamente cinco meses depois de ter suas portas fechadas, o Cine Belas Artes continua a ser tema de debate entre entidades da sociedade civil e representantes dos parlamentares. As mobilizações são para que o prédio vermelho, localizado nas esquinas da Av. Paulista e Rua da Consolação, volte a abrigar um dos mais tradicionais cinemas de rua da cidade. O debate sobre o caso do cinema aconteceu na noite de ontem, na Vila Madalena, na Zona Oeste.
Aberto em fevereiro, o processo de tombamento ainda está em discussão no Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), que pode tornar o imóvel um patrimônio imaterial. O processo, que por duas vezes teve a votação adiada, poderá entrar na pauta da próxima reunião do Conpresp.
“É possível que esse pedido de tombamento seja votado no próximo dia 30 de agosto. E nós temos sinais de que há possibilidade que o pedido seja indeferido, e se for o dono do imóvel terá direito de descaracterizar o espaço. Para impedir isso estamos nos mobilizando”, disse Beto Gonçalves, membro do Movimento pelo Cine Belas Artes. Segundo ele, uma arquiteta está sendo contratada pela organização para dar um parecer alternativo para ser anexado ao processo.
“Vamos enfrentar uma barra muito grande e não descartamos a ideia de entrar na Justiça. Dia 27 de setembro estamos preparando uma grande mobilização”, disse ele, que afirma ainda que outra medida proposta pelo movimento é a política de revitalização do quarteirão da Avenida Paulista, onde está localizado o imóvel.
Diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS), e ex-diretor do cinema, André Sturm vê a demora na decisão sobre o processo de tombamento a relevância do assunto e um marco na história da Capital. “Esse episódio é um marco na história de São Paulo. Acho que existem outros espaços com essa mesma importância. Se acontecer acho que será um verdadeiro marco”, disse ele, otimista. “Vamos torcer para que dê certo”, completou.
http://www.metronews.com.br/metro_news_/f?p=287:24:1391858464739670::::P24_ID_NOTICIA,P24_ID_CADERNO:110160,909,%20Tombamento-do-Cine-Belas-Artes-pode-ser-votado-no-fim-do-mes
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Tombamento Cine Paissandú - RJ
DECRETO No 29.916, de 2 de outubro de 2008.
DECLARA PATRIMÔNIO CULTURAL CARIOCA O CINE PAISSANDÚ, LOCALIZADO NA RUA SENADOR VERGUEIRO, 35 – LOJA – NO BAIRRO DO FLAMENGO
O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais e,
Considerando a importância cultural do Cine Paissandú como local de exibição do cinema de arte;
Considerando a importância do Cine Paissandú como agregador de jovens cinéfilos e intelectuais que formaram a chamada “Geração Paissandu”, desde os anos 1960; e
Considerando a necessidade de preservar a memória intangível da cultura carioca;
DECRETA:
Art. 1o - Fica declarado patrimônio cultural carioca o Cine Paissandú, localizado na rua Senador Vergueiro, n.º 35 – loja, no bairro do Flamengo, nos termos do artigo 4.º, parágrafo 1.º do Decreto n.º 23162, de 21 de julho de 2003.
Art. 2º - O órgão executivo municipal de proteção do patrimônio cultural inscreverá o bem no Livro de Registro dos Lugares.
Art. 3º - Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Rio de Janeiro, 2 de outubro de 2008 - 444o ano de fundação da cidade.
CESAR MAIA
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
CINEMA DE RUA, MEMÓRIA E CIDADE: O CASO DO CINE BELAS ARTES
Com André Sturm, diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS) e ex-diretor do Cine Belas Artes
- Dentre as várias opções para a reabertura do cinema encontram-se o tombamento, a utilidade pública e parcerias com empresas públicas e privadas. Todas elas necessitam da mobilização da sociedade.
Sua presença é muito importante!
DIA 17 DE AGOSTO - QUARTA-FEIRA - às 19h
LOCAL: Casa da Cidade
Rua Rodésia, 398
Vila Madalena – São Paulo/SP
(quase no fim da rua, que é paralela à Purpurina)
Tel. 3814-3372
PROMOÇÃO: Casa da Cidade e Movimento pelo Cine Belas Artes (MBA)
http://www.casadacidade.org.br/
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Exemplos:
Meu segredo é: não tenho receio em dizer que atesoro cada um dos bons momentos ali vividos. Sobre aquele terraço de mármore negro limitado por uma grande vitrine de vidro assistindo ao corredor de ônibus sempre congestionado naquele ponto, terminando a Rebouças, eu iniciei muitos dos meus romances.
É triste, mas a vida não é como nos filmes de finais felizes e encantadores, as vezes penso: vivemos no real teatro da tragédia".
Fernando Fileno
"Em 2004, durante uma conversa com André Sturm, tive a ideia de levar crianças, escolas, para o Belas Artes. Entrei em contato com a ONG - Instituto Padre Mariano, na qual eu havia trabalhado como voluntária e apresentei uma proposta. Eles escolhiam o filme e agendávamos a sessão. Mesmo sem patrocínio realizamos as sessões gratuitamente.
(...)
Nos grupos de jovens do Abrigo Municipal (meninos de Rua) e em Liberdade Assistida (ex-detentos), nenhum deles havia entrado em um Cinema antes.
Descobriram o que era um "cinema" durante esse Projeto. Aprenderam a amar, apreciar e respeitar a sétima arte. Descobriram que também podiam sonhar, imaginar e transformar as suas realidades".
Wania Malafaia
"O CINEMA BELAS ARTES É DA CIDADE DE SÃO PAULO. UM ÍCONE DA CULTURA E DA HISTÓRIA DA CIDADE. COMO PAULISTANA VOU LUTAR POR ELE".
ESMERALDA HANNAH
Telmo Estevinho – aposentado (muitos frequentavam às tardes)
"A primeira vez que estive em SP foi em 1992 para conhecer o Belas Artes, um cinema famoso que nós, no interior de SP ouvíamos muito falar! Vi "O Marido da Cabelereira" e nunca me esqueci das pessoas na sessão lotada, das poltronas, da atmosfera charmosa que o cinema transmitia! Este cinema não pode fechar, é muito mais que um prédio, é uma atmosfera carregada de histórias da cidade de SP, dos seus visitantes..."
Meu segredo é: não tenho receio em dizer que atesoro cada um dos bons momentos ali vividos. Sobre aquele terraço de mármore negro limitado por uma grande vitrine de vidro assistindo ao corredor de ônibus sempre congestionado naquele ponto, terminando a Rebouças, eu iniciei muitos dos meus romances.
É triste, mas a vida não é como nos filmes de finais felizes e encantadores, as vezes penso: vivemos no real teatro da tragédia".
Fernando Fileno
"Em 2004, durante uma conversa com André Sturm, tive a ideia de levar crianças, escolas, para o Belas Artes. Entrei em contato com a ONG - Instituto Padre Mariano, na qual eu havia trabalhado como voluntária e apresentei uma proposta. Eles escolhiam o filme e agendávamos a sessão. Mesmo sem patrocínio realizamos as sessões gratuitamente.
(...)
Nos grupos de jovens do Abrigo Municipal (meninos de Rua) e em Liberdade Assistida (ex-detentos), nenhum deles havia entrado em um Cinema antes.
Descobriram o que era um "cinema" durante esse Projeto. Aprenderam a amar, apreciar e respeitar a sétima arte. Descobriram que também podiam sonhar, imaginar e transformar as suas realidades".
Wania Malafaia
"O CINEMA BELAS ARTES É DA CIDADE DE SÃO PAULO. UM ÍCONE DA CULTURA E DA HISTÓRIA DA CIDADE. COMO PAULISTANA VOU LUTAR POR ELE".
ESMERALDA HANNAH
Telmo Estevinho – aposentado (muitos frequentavam às tardes)
"A primeira vez que estive em SP foi em 1992 para conhecer o Belas Artes, um cinema famoso que nós, no interior de SP ouvíamos muito falar! Vi "O Marido da Cabelereira" e nunca me esqueci das pessoas na sessão lotada, das poltronas, da atmosfera charmosa que o cinema transmitia! Este cinema não pode fechar, é muito mais que um prédio, é uma atmosfera carregada de histórias da cidade de SP, dos seus visitantes..."
Comerciantes ainda sofrem impacto do fim do Cine Belas Artes; veja como está o espaço
Guilherme BalzaDo UOL Notícias
Em São Paulo
Fachada do Cine Belas Artes em 4 de janeiro... e em 29 de julho deste ano
Quase cinco meses após o encerramento das atividades do Cine Belas Artes, os comerciantes da rua da Consolação, região central de São Paulo, ainda lamentam o fim do antigo "point" da classe média “cult” paulistana. Inaugurado em 1952, o cinema cerrou as portas em 17 de março deste ano, após o proprietário não renovar o contrato com os administradores.
Dono da tradicional pizzaria Micheluccio, que funciona na região desde 1957, Edimir Lopes, 51, teve que começar a vender pastéis durante o dia para suprir a queda no faturamento após o fechamento do cinema. O restaurante fica exatamente em frente ao Belas Artes, e grande parte dos clientes da noite eram frequentadores do local.
“Aqui abria só às 18h, mas o fim do cinema me obrigou a vender os pastéis durante o dia. Perdemos clientes antigos, que vinham aqui depois de ver o filme”, diz. Lopes afirma ainda que a proibição de estacionar o carro ao longo da Consolação --em vigor desde 2004, quando o corredor de ônibus foi inaugurado na via-- também prejudicou o movimento no seu estabelecimento.
IMAGENS DO CINE BELAS ARTES
O Belas Artes foi aberto em abril de 1990, quando era administrado pela produtora francesa Gaumont
Última sessão do Cine Belas Artes antes do fechamento, em 17 de março deste ano
Depois de fechado, as paredes do Cine Belas Artes foram alvo de pichadores e grafiteiros
Cláudio Bezerra, 38, funcionário da Micheluccio, estima que a pizzaria perdeu um terço dos clientes desde o fim do Belas Artes. “Se é para ajudar a reabrir o cinema, pode dizer na reportagem que afetou muito. Perdemos pelo menos 30% dos fregueses. Outros bares que tinham história, como o Burger Beer, o Bar do Guedes, tiveram que fechar as portas.”
Os estacionamentos próximos ao Belas Artes também foram afetados. Alguns, que funcionavam até a madrugada, passaram a fechar às 21h. Clei Alves dos Santos, 27, manobrista, diz que o estacionamento em que trabalha parou de funcionar aos domingos. “Todo domingo aqui ficava lotado. Agora eu acho que o movimento caiu uns 40%”, diz.
Para Odete Machado, dona de uma das cinco bancas de livros que funcionam na passagem subterrânea cultural que fica ao lado do cinema, o problema maior do fim do Belas Artes é de ordem emocional. “O público continua vindo na galeria, mas o fim do cinema foi uma grande perda. Fiz muitas amizades com frequentadores de lá. Era uma boa opção de lazer. Não tenho grana para ir ao Reserva Cultural ou ao cinema da Livraria Cultura.”
Abrigo para moradores de rua
Alguns dias após o fechamento, pichadores e grafiteiros deixaram suas marcas nas vitrines e paredes do Belas Artes, colorindo as paredes vermelhas do espaço. Além de "painel" para os artistas do spray, o espaço ganhou outra função social: à noite e, eventualmente, de dia, moradores de rua descansam sob as marquises do local.
“Eu e mais quatro dormimos aqui. Antes, com o cinema aberto, não dava. Era muito movimento. Agora é sossegado, ninguém vem perturbar”, afirma Jaílson Ferreira, 40, que mora na rua.
Para evitar invasões e depredações, o proprietário do imóvel contratou quatro seguranças para vigiar o espaço dia e noite, que se revezam em dois turnos de 12h. Um deles é Antonio Pereira, 50: “Agora está tudo pacífico. O cinema está vazio. Tiraram tudo que tinha dentro”, diz.
Tombamento e futuro
O fechamento do Belas Artes mobilizou os frequentadores do local que, por meio das redes sociais, organizaram atos na rua e no próprio cinema. Na época, o antigo administrador da sala, André Sturm, tentou negociar com o proprietário Flávio Maluf a renovação do contrato, mas as partes não chegaram a um acordo quanto ao valor.
Mesmo sem o patrocínio do banco HSBC há quase um ano, os inquilinos chegaram a oferecer cerca de R$ 80 mil pelo aluguel, mas o dono queria quase o dobro (R$ 150 mil), o que inviabilizou o negócio.
Fachada do Cine Belas Artes em 16 de março... e em 29 de julho deste ano
Sturm, atualmente diretor do MIS (Museu da Imagem e do Som), diz que todos os equipamentos do cinema já foram doados. “Nos desfizemos. Não dava para guardar todo o equipamento, mais de mil cadeiras...”, afirma.
O antigo administrador do Belas Artes, contudo, ainda mantém a esperança de reabrir o cinema. Para tanto, espera que o Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental), órgão da Secretaria Municipal de Cultura, decida favoravelmente ao tombamento do prédio.
O Departamento de Patrimônio Histórico, da mesma secretaria, já se manifestou a favor. Agora, o Conpresp aguarda um parecer da Secretaria de Negócios Jurídicos da prefeitura.
Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a Secretaria de Negócios Jurídicos foi envolvida no processo porque o Belas Artes não se enquadra exatamente em nenhuma das áreas de tombamento. “Precisamos saber se o cinema pode ou não ser considerado patrimônio imaterial como o folclore, por exemplo. Como patrimônio material é complicado, porque a estrutura do prédio já passou por várias reformas”, diz a assessoria.
Se for tombado, o proprietário terá que acatar uma série de limitações no funcionamento do cinema, que restringiriam o aluguel para determinados clientes comerciais, o que pode favorecer a locação para os antigos administradores do Belas Artes . “Eu imagino que, com o tombamento, alugar para nós possa ser um bom negócio [ao proprietário], disse Sturm.
De acordo com Fábio Luchesi Filho, advogado de Flávio Maluf, o dono do imóvel só irá decidir o futuro do espaço após a decisão sobre o tombamento.